Projeto de Interiores

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Residência em Caçapava - SP

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O design de interiores e a consciência social

Texto retirado da AD fórum


Por Ricardo J. Botelho



Em tempos de violência urbana, que explode vertiginosamente em todo o planeta, de total ausência de lideranças políticas ou culturais e de valorização da individualidade como modelo ideal de comportamento social, qual o papel que o design de interiores desempenha na melhoria da sociedade?

Um projeto de arquitetura ou de interiores pode ser uma excelente oportunidade para manifestar valores condizentes com uma vida socialmente mais responsável. No caso de uma família, o exercício do projeto representa uma excelente oportunidade para valorizar o processo democrático na análise de alternativas e na tomada de decisão. Essa conduta no ambiente familiar vai preparar os indivíduos para o convívio em grupo. As atitudes totalitárias de um membro da família, em geral de um dos pais, cria nos filhos sentimentos negativos ou posturas agressivas em situações similares em sociedade.

Outra contribuição é valorizar os ambientes onde a convivência em família é mais importante do que os espaços privados. Compartilhar no ambiente familiar prepara as pessoas para conviver melhor em sociedade. A exacerbação da individualidade cria personalidades agressivas e que nem sempre respeitam o direito do outro.

Parcimônia na gestão dos recursos. Conforto, qualidade de vida e prazer deveriam nortear a concepção dos projetos. O esbanjamento precisa ser contido. Gastar desbragadamente é diferente de consumir algo caro, mas raro. O bom design custa um pouco mais e se justifica. Mas existem casos onde a ostentação pura e simples é a tônica. É nesse momento que o profissional entra em ação orientando na adoção de um comportamento mais maduro de consumo. Não haverá consciência social se não existir limite na sanha consumista da humanidade. A filosofia "consumo, logo existo" nos conduz ao descaso com os recursos naturais do planeta.

Sustentabilidade. Boa parte dos clientes não exige a especificação de produtos sustentáveis. Cabe ao profissional agir para consciencientizá-los da importância do tema. É preciso colocar no seu radar a questão ecológica e fazer disso uma prática habitual. É inconcebível um cliente consumir um produto ecologicamente danoso ao meio ambiente e contar com a ajuda de um arquiteto ou design de interiores para isso. O papel do do profissional é educar esse cliente orientando a decisão.

Um bom projeto prepara a casa para a vida segura das crianças. O Brasil é um dos recordistas mundiais de acidentes domésticos e as crianças são as maiores vitimas. Na outra ponta está a terceira idade. Os brasileiros estão envelhecendo e vivendo mais tempo. Nossos lares não estão preparados para facilitar a vida dessas pessoas. O mesmo acontece com outros desabitados, cadeirantes sobretudo. Preparar a casa para essas circunstâncias integra o rol de atribuições sociais que caracteriza a atuação profissional.

Portanto, arquitetos e designers de interiores são agentes da consciência social, colaboram com a construção de uma sociedade democrática e atuam na disseminação de um comportamento socialmente responsável. Por isso, são tão importantes para o país.

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